Banco de três patas

2013. | Almeida, Beira Alta. Portugal.
NOEMA COLLECTIVE.                                 design Samuel Pinto          execução Carlos Martins Pinto


Objectos do passado, os tradicionais bancos de três pernas foram outrora característicos de algumas pequenas zonas da Beira, em especial da zona correspondente ao concelho raiano de Almeida. O seu desenho singular, com um assento em meia-lua e três pernas, assim como a sua popularidade passada, estão intimamente relacionados com o quotidiano agrícola. Era das rodas dos carros de bois que se recortavam e extraiam as peças de madeira que depois eram aproveitadas para fazer o essencial da peça de mobiliário, bastando para tal adicionar ao assento três galhas de freixo, a madeira autóctone mais resistente da região, cuidadosamente seleccionadas por forma a encaixar noutros tantos buracos inclinados.

Para além de esteticamente original o banco era bastante funcional, uma vez que independentemente da irregularidade da superfície nunca oscilava, facto porque continuou a ser reproduzido muito depois do desaparecimento generalizado dos antigos carros de bois, e curiosamente segundo a mesma forma característica em meia-lua ou ovalada. Tornou-se particularmente popular entre os pastores da região que o levavam consigo para o palheiro quando iam ordenhar as ovelhas ou cabras, e ainda hoje se encontra amiúde em antigas casas de lavoura.

A peça de mobiliário seria mesmo alvo de apreciação no mais conceituado livro sobre arquitectura vernacular nacional, o Inquérito à Arquitectura Popular em Portugal (1961).

Redesenhado pelo arquitecto Samuel Pinto o “Banco de Três Patas” materializa a vontade de reabilitar a imagem de um objecto da cultura popular que corria o risco de se perder no rigor do tempo. Construído à mão, respeitando os métodos tradicionais de fabrico que pautam a sua identidade original, pretende assumir-se como uma peça de mobiliário de linhas contemporâneas que aliando a qualidade da execução artesanal ao valor do desenho de autor evoque hoje o imaginário colectivo e história singular da Beira Interior.






 
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