Casa deLuxe

2011. Novembro (apresentação) | FAUP
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITECTURA.   A4: 210mm × 297mm | 248 pag. Português

autor Samuel Pinto   orientador Arq. Marta Rocha   arguente Arq. Luís Soares Carneiro   moderador Arq. Manuel Mendes


Nada poderia expressar melhor a ambiguidade em que se situa, hoje, a discussão do Luxo em Arquitectura que o termo “deluxe”, simultaneamente mediático e incompreendido por estar ainda por definir. Abraçando a incerteza que envolve o debate do tema como o principal leitmotiv da investigação, o corpo do estudo gira em torno da construção de uma “casa” hipotética, dada pela sobreposição dos diversos paradigmas do luxo arquitectónico narrados a partir de casos de estudo significativos, que no seu conjunto aspiram a uma definição abrangente e operativa daquilo que poderá ser a aplicação do conceito às lógicas do habitar, mais-valias incluídas.

visualizar no issuu






01
02
03
04
05
06
07
08
Nothing could better express the ambiguity in which lies the discussion of Luxury than the word “deluxe” used in a democratic way to describe almost everything and yet so devoid of meaning and dignity. The name of this Dissertation: “DeLuxe House” intends to portray, precisely, in a ironic way this paradoxical condition that characterizes, today, the Luxury in Architecture, simultaneously mediatic - one might say even that Luxury is fashionable, which in itself is somewhat contradictory - and misunderstood for still being undefined.

Embracing uncertainty surrounding the debate of Luxury as the main leitmotif of research, the developed work intends to draw a comprehensive and operational definition of what may be the Luxury applied to the dwelling logics, illustrating with paradigmatic examples their different functioning modes, and destroying prejudices through the clarification. Moving away from commercial or historicist approaches to theme that have been shown to be manifestly simplistic, and the preconceived views - views that lead associated the prejudice - which determine its negligence or disregard, the definition of architectural luxury contemplated  want to review, too, the status of Luxury in Architecture, rethinking its usefulness for the Discipline and the Project.

A first introductory part reflects on the relevance of research, speculating about the right to Luxury in Architecture based on empirical considerations in defense of Luxury that expose its possible interest to the Discipline, such as: its desirable role as promoter of the architectural quality and opponent of a methodological simpleness that spreads within the profession and its significance on humanisation of the architectural experience, or the projection of the sector which alone justifies the attention by Architecture. Bearing in mind that the terms and conditions for its admission by Discipline can only be sketched in its objective definition, the work develops in order to identify the several meanings that overlays architectural luxury. It is carried a review on the historiography of the concept, showing the different approaches to the subject, with particular emphasis in the focus proposed by the work of Gilles Lipovetsky, which would determine the decomposition of the study object on a set of operational definitions of Luxury - summarized in a taxonomic chart - that  are developed as particular research fronts.

The body of work revolves around the construction of a hypothetical “Luxury Home”, which is given by the superposition of several paradigms of architectural luxury, narrated from significant case studies. Seeking clarification of how Luxury performs into specific ways and logics of inhabit and, ultimately, influences different views and embodiments of architecture: from the more conventional paradigms focused on the conspicuous luxury formulations that determine the materialist understanding of architecture, understanding associated with the ostensible use of ornament, the demand for excess, cost or revivalism; passing through the new formulations of exclusivity builded up from novelty, the particularity of the client, the status of the architect-author, the hyper-realistic challenges or even austerity; until those more subjective and experimental in which the convention loses strength before the effectively desire for emotion and comfort which drives the demand for the pleasure of senses, beauty or informality, for the wandering, intimacy, safety or health, for example. The investigation centered on the twentieth century, attempts to detect mutations and persistences, as well as to inquire the legitimacy and sustainability of the presented models.

In a final text is developed a comparative analysis of the “(Re)Builded Luxury House” and the preconceived views, emphasizing the supremely important role that personal experience of space which legitimizes Luxury, usually neglected at the expense of social convention of taste, plays in the definition of luxurious dwell. It is based on the weight of this same “experimental” burden carried by the definition of luxury which is argued the right, previously claimed, to Luxury in Architecture, warning for the responsibility of Discipline on the subject, that instead of interpreting Luxury as a factor for the denial of its disciplinary autonomy, since it implies the “castration” of the architect and project by the convention, should see in Luxury an opportunity for its complete realization. Considerations are made to its legitimacy starting of its paradigms - developed in detail throughout the essay - reinforcing the empirical idea that under certain conditions Luxury could work in Architecture as a booster of architectural quality, contributing to the humanization of experience in architecture, returning it the necessary ambition to avoid an effortless methodology that will inevitably increase the gap between Discipline and Man. Finally, it is proposed the adoption of Luxury as a reference limit applicable to the current project, based on the finding that when taken as a condition achievable through sustainable experience, the definition of architectural luxury is not dependent on any other additional cost than the architect's ambition to fulfill the desire and do the best.





Nada poderia expressar melhor a ambiguidade em que se situa a discussão do Luxo que o termo “deluxe” utilizado de modo democrático para descrever quase tudo e ao mesmo tempo tão carente de significado e de dignidade. O nome desta Dissertação: “Casa DeLuxe” pretende retratar de modo irónico, precisamente, esta condição paradoxal que caracteriza, hoje, o Luxo em Arquitectura, simultaneamente mediático - poderia dizer-se mesmo que o Luxo está na moda, o que só por si é algo contraditório - e incompreendido por estar ainda por definir.

Abraçando a incerteza que envolve o debate do Luxo como o principal leitmotiv da investigação, o trabalho desenvolvido pretende traçar uma definição abrangente e operativa daquilo que poderá ser o Luxo aplicado às lógicas do habitar, ilustrando com exemplos paradigmáticos os seus diferentes modos de funcionamento, e destruindo preconceitos por meio do esclarecimento. Afastando-se das abordagens comerciais ou historicistas do tema que se têm revelado manifestamente simplistas, bem como das visões preconcebidas - visões que levam associado o preconceito - que determinam a sua negligência ou desconsideração, a definição do luxo arquitectónico contemplada pretende rever, também, o estatuto do Luxo em Arquitectura, repensando a sua utilidade para a Disciplina e sobretudo para o Projecto.

Numa primeira parte introdutória reflecte-se sobre a pertinência da investigação, especulando-se sobre o direito ao Luxo em Arquitectura a partir de considerações empíricas em defesa do Luxo que expõem o seu possível interesse para a Disciplina, tais como: o seu papel desejável enquanto promotor da qualidade arquitectónica e opositor de um facilitismo metodológico que alastra no seio profissional, a sua importância na humanização da experiência da arquitectura, ou a projecção do sector que só por si justifica a atenção da Arquitectura. Tendo presente que os termos e condições para a sua aceitação pela Disciplina só poderão ser esboçados na sua definição objectiva, o trabalho desenvolve-se no sentido de identificar os diversos significados de que se reveste o luxo arquitectónico. Passa-se em revista a historiografia do conceito, mostrando-se os diferentes tipos de abordagem do tema, com especial incidência no enfoque proposto pela obra de Gilles Lipovetsky, que determinaria a decomposição do objecto de estudo num conjunto de definições operativas do Luxo - sintetizadas num quadro taxonómico - que se desenvolvem como frentes de investigação particulares.

O corpo do trabalho gira em torno da construção de uma “Casa de Luxo” hipotética, que é dada pela sobreposição dos diversos paradigmas do luxo arquitectónico, narrados a partir de casos de estudo significativos. Procura-se o esclarecimento de como o Luxo se realiza em modos e lógicas de habitar específicos e influencia em última instância diferentes visões e concretizações da arquitectura: dos paradigmas mais convencionais centrados nas formulações conspícuas do Luxo que determinam o entendimento materialista da arquitectura, entendimento que leva associado o uso ostensivo do ornamento, a procura pelo excesso, pelo custo ou pelo revivalismo; passando pelas novas formulações da exclusividade a partir da novidade, da particularidade do cliente, do estatuto do arquitecto-autor, do desafio hiper-realista ou mesmo da austeridade; até aqueles mais subjectivos e experimentais em que a convenção do gosto perde fôlego perante o desejo efectivo da emoção e do conforto que orientam a demanda pelo prazer dos sentidos, da beleza ou da informalidade, pela evasão, a intimidade, a segurança ou a saúde, por exemplo. A investigação centrada no século XX, procura ainda detectar mutações e persistências, assim como indagar em torno da legitimidade e sustentabilidade dos modelos apresentados.

Num texto final desenvolve-se uma análise comparativa entre a “Casa de Luxo (Re)Construída” e as visões preconcebidas, enfatizando o papel preponderante que a experiência pessoal do espaço que legitima o Luxo, habitualmente negligenciada em detrimento da convenção social do gosto, joga hoje na definição do habitar luxuoso. É com base no peso desta mesma carga “experimental” que comporta a definição do habitar luxuoso que se fundamenta o direito, anteriormente reclamado, ao Luxo em Arquitectura, alertando para a responsabilidade da Disciplina no assunto, que ao invés de interpretar o Luxo como um factor de negação da sua autonomia disciplinar, por implicar a “castração” do arquitecto e do projecto pela convenção, deveria ver no Luxo uma oportunidade para a sua realização plena. Traçam-se considerações para a sua legitimação a partir dos seus paradigmas - desenvolvidos em detalhe ao longo do ensaio - reforçando a ideia empírica de que dentro de certas condições o Luxo poderia funcionar na Arquitectura como um impulsionador da qualidade arquitectónica ao contribuir para a humanização da experiência da arquitectura, devolvendo-lhe a ambição necessária para evitar o facilitismo metodológico que inevitavelmente aumentará o fosso entre a Disciplina e o Homem. Por último, propõe-se a adopção do Luxo como um limite de referência aplicável ao Projecto corrente, partindo da constatação de que quando tomado como uma condicionante realizável através da experiência sustentável, a definição do luxo arquitectónico não se encontra dependente de qualquer outro custo adicional que não a ambição do arquitecto por realizar o desejo e fazer o melhor.
HOME   -   ABOUT   -   WORK   -   CONTACT                                                          FURNITURE STORE